Osteomielite Mandibular – O que é?

A osteomielite é um distúrbio inflamatório do osso, em geral causado pela infecção por um organismo, que leva à destruição e necrose óssea. A inflamação pode envolver o córtex (tecnicamente, “osteíte”) ou a medula do osso (“mielite”), ou ambos. De acordo com o tempo e a evolução da doença, a osteomielite pode ser classificada em aguda ou crônica. Na forma aguda, a infecção óssea é diagnosticada nas quatro primeiras semanas, sendo considerada crônica, quando permanece ativa por mais de seis semanas. Em geral, o quadro se instala em decorrência de uma lesão aguda que não recebeu tratamento adequado e foi-se agravando lenta, mas continuamente.

Pacientes de todas as idades podem ser afetados pela osteomielite. Há uma forte predominância masculina, se aproximando de 75% em alguns estudos e a maioria dos casos envolve a mandíbula.

Nos dias atuais, a osteomielite não está associada a uma mortalidade significativa, porém resulta em uma morbidade considerável e persistente. Além de causar dor óssea, interfere na cicatrização de feridas no tecido mole sobrejacente, devido à secreção crônica e formação lenta do tecido de granulação sobre o osso exposto.

Causas

Doenças sistêmicas crônicas, imunocomprometidos e distúrbios associados à diminuição da vascularização óssea parecem predispor as pessoas à osteomielite. Uso de cigarro, abuso de álcool e drogas intravenosas, diabetes mellitus, febres exantemáticas, malária, anemia, desnutrição, malignidade e AIDS têm sido associados a um aumento da frequência de osteomielite. Além de radiação, várias doenças (como por exemplo, osteopetrose, disosteoscleroste, doença de Paget tardia) pode resultar em osso hipovascularizado que tem predisposição à necrose e inflamação.

Diagnóstico

O diagnóstico da osteomielite leva em conta a avaliação clínica do paciente e o resultado de alguns exames de sangue, entre eles o hemograma, a hemocultura, a velocidade de hemossedimentação (VHS) e o nível da proteína C-reativa.

Radiografia panorâmica, tomografia computadorizada, ressonância magnética e cintilografia óssea são exames de imagem também importantes para o diagnóstico da osteomielite. Para identificar o microrganismo agente da infecção, muitas vezes se torna necessário coletar amostras de sangue, de pus ou até do próprio osso para encaminhar para biópsia.

Tratamento

 O tratamento bem-sucedido geralmente requer terapia antibiótica prolongada, muitas vezes combinada à drenagem cirúrgica de abscessos ou ressecção de osso necrosado. Por se tratar de uma doença que raramente leva à morte e que tende a recorrer quando não tratada adequadamente, a osteomielite é comparada por alguns a uma malignidade indolente e de crescimento lento e merece toda nossa atenção.

Relato de Caso – Osteomielite Mandibular

Paciente jovem, 38 anos, sem relato de histórico de câncer ou qualquer outra doença, compareceu ao consultório odontológico sentindo dores e inchaço na região da colocação dos implantes. Foi realizado exame de tomografia cone beam.

tomografia pré implante - Osteomielite Mandibular

Imagem pré implante

Aspecto tomográfico: 

Imagem de padrão heterogêneo, composto por áreas hiperdensas/esclerose medular e hipodensas irregulares, com aspecto semelhante a “roído por traça” localizada na região de corpo da mandíbula do lado direito. A lesão é de caráter osteolítico, com aspecto erosivo e infiltrativo. É possível observar imagem hiperdensa no interior da lesão, compatível com tecido mineralizado e/ou sequestro ósseo. Houve envolvimento do canal mandibular e dos dois implantes localizados na região. Rompimento das tábuas ósseas vestibular, lingual e base da mandíbula.

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RX panorâmico pós implante – Osteomielite Mandibular

 

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Tomografia pós implante – Osteomielite Mandibular

Considerações finais

De acordo com o caso ilustrado neste relato de caso e conforme o que foi observado na literatura, as tomografias podem ajudar a estabelecer um diagnóstico provável, devendo o exame histopatológico ser realizado nos casos em que os resultados dos exames de imagem ainda forem questionados, com o propósito de confirmar a suspeita, e, quanto antes, se diagnosticar e iniciar o tratamento, por meio de medicação antibiótica e remoção dos implantes metálicos, maior a chance de resolução espontânea do caso. 

 

Referencias:

Rev. Cir. Traumatol. Buco-Maxilo-Fac., Camaragibe v.19, n.2, p. 37-40, abr./jun. 2019 Brazilian Journal of Oral and Maxillofacial Surgery – BrJOMS

Lipsky BA, Berendt AR. Osteomyelitis. ACP Medicine. 2010;1-20.

The original English language work has been published by DECKER INTELLECTUAL PROPERTIES INC. Hamilton, Ontario, Canada. Copyright © 2011 Decker Intellectual Properties Inc. All Rights Reserved.

2013 – Neville, W.B., Damm, D.D., Allen, C.M., Bouquot, J.E. Patologia oral & maxilofacial, Rio de Janeiro, Guanabara Koogan, 3ª ed, 2009. – Paiva L.M., Silva A.M.A.P.

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