As curetas periodontais são instrumentos fundamentais no arsenal clínico de qualquer cirurgião-dentista que atua com periodontia. Ou seja, um equipamento indispensável para um consultório odontológico.
Elas são utilizadas principalmente para remoção de cálculo subgengival, alisamento radicular e raspagem em áreas de difícil acesso.
Embora sejam instrumentos consagrados, ainda geram dúvidas sobre seus tipos, indicações, formas de uso e cuidados com a limpeza e esterilização.
Neste artigo, vamos revisar os principais pontos para um uso eficaz e seguro das curetas periodontais na prática clínica. Confira!
O que são curetas periodontais?
As curetas periodontais são instrumentos manuais de raspagem utilizados em procedimentos periodontais para remoção de cálculo e placa bacteriana abaixo da linha gengival.
Diferente das curetas universais, que podem ser usadas em diversas áreas da boca, as curetas periodontais têm anatomias específicas para diferentes regiões, o que garante maior precisão e menor risco de trauma tecidual.
Com extremidades curvas e ativas em um ou ambos os lados, as curetas são essenciais para o sucesso do tratamento periodontal, especialmente na terapia não cirúrgica.
Tipos de curetas: Gracey e McCall
Há dois tipos principais de curetas periodontais, as Gracey e as McCall. Na sequência, explicaremos mais sobre cada uma delas.
Curetas Gracey
As curetas Gracey são curetas área-específicas, ou seja, cada modelo foi projetado para uma região específica da boca.
Elas têm apenas uma lâmina ativa (inclinada em relação ao cabo), o que proporciona uma ação mais suave e menos agressiva ao tecido periodontal.
Principais modelos e suas indicações:
- Gracey 1/2: indicadas para dentes anteriores;
- Gracey 5/6: para anteriores e pré-molares;
- Gracey 7/8 e 9/10: superfícies vestibulares e linguais de posteriores;
- Gracey 11/12: faces mesiais de posteriores;
- Gracey 13/14: faces distais de posteriores;
- Gracey 15/16 e 17/18: variações anguladas que facilitam o acesso a molares com dificuldade de inclinação.
Curetas McCall
As curetas McCall são consideradas curetas universais, com lâminas simétricas e dois lados cortantes, sendo usadas tanto em áreas supra quanto subgengivais.
Elas têm uma angulação que permite o uso em múltiplas regiões da boca, embora com menor especificidade anatômica que as Gracey.
São indicadas para:
- Remoção de cálculo em áreas de acesso mais amplo;
- Alisamento radicular em procedimentos de manutenção.
Boas práticas para o uso clínico de curetas periodontais
Saber usar as curetas corretamente faz toda a diferença no conforto do paciente e na eficácia do procedimento.
Veja algumas dicas práticas:
Posicionamento da lâmina
Para as Gracey, o corte ativo está apenas em um lado da lâmina. A angulação correta entre a lâmina e a superfície do dente deve ser entre 60º a 80º.
A parte não ativa deve ficar voltada para o tecido mole para evitar traumas.
Pega adequada
Utilize a pegada em tripé (ou pega de caneta modificada), com apoio digital firme.
Isso permite maior controle dos movimentos e menor fadiga muscular.
Movimentos controlados
Os movimentos devem ser curtos e firmes, sempre orientados da base da bolsa periodontal para a coroa.
Evite movimentos de “raspagem contínua” — eles devem ser definidos, com pressão suficiente para remover o cálculo sem causar desgaste excessivo.
Afilamento das curetas
O uso constante leva à perda do fio de corte.
O ideal é manter uma rotina de afilamento manual (com pedras de Arkansas ou cerâmicas) ou optar por curetas pré-afiladas de uso único, dependendo da política da clínica.
Cuidados com a limpeza, desinfecção e esterilização
O bom desempenho das curetas depende também de uma adequada manutenção e controle de biossegurança.
Veja como cuidar corretamente desses instrumentos:
Imersão inicial
Após o uso, as curetas devem ser imersas em solução enzimática ou água destilada com detergente neutro para evitar a aderência de matéria orgânica.
Limpeza mecânica
Utilize escovas não abrasivas e detergente enzimático.
Em clínicas com termodesinfetadoras ou lavadoras ultrassônicas, essa etapa pode ser automatizada.
Inspeção visual
Verifique integridade da ponta ativa e presença de resíduos antes da esterilização.
Curetas danificadas ou sem corte devem ser descartadas ou afiladas.
Embalagem para esterilização
Embale individualmente ou em kits, utilizando papel grau cirúrgico ou embalagens compatíveis com autoclave.
Esterilização
O método mais seguro e amplamente recomendado é a autoclavação a vapor saturado sob pressão, a 121°C por 15 minutos ou 134°C por 3 minutos, conforme especificações do fabricante.
Lembre-se: o uso correto das curetas periodontais impacta diretamente na efetividade do tratamento e na preservação dos tecidos periodontais. Dominar os tipos (Gracey e McCall), aplicar boas práticas clínicas e garantir a esterilização adequada são passos fundamentais para um atendimento seguro e de excelência.
Na DVI Diagnóstico Odontológico, acreditamos que a precisão clínica começa com conhecimento. Esperamos que este conteúdo tenha ajudado você a revisar conceitos importantes sobre esses instrumentos tão essenciais.
Continue com a gente e leia agora o nosso artigo que fala sobre a importância da odontologia hospitalar.