Afinal, zumbido no ouvido pode ser um problema odontológico?

Zumbido no ouvido, ou tinnitus, é uma condição frequentemente incompreendida, caracterizada pela audição de sons quando não há uma fonte externa correspondente. 

Esses sons podem variar amplamente, desde o barulho de uma cachoeira distante até o apito de um trem, imitando o pio de um passarinho ou o zunido de um mosquito. O fenômeno ilusório pode ser tanto perturbador quanto desconcertante para quem sofre dessa condição. 

Importante salientar que o zumbido é um sintoma, e não uma doença em si, o que implica na necessidade de uma investigação cuidadosa das suas causas. 

Curiosamente, enquanto muitos associam o tinnitus a problemas auditivos ou neurológicos, poucos sabem que a origem pode ser também odontológica. É sobre isso que falaremos neste artigo. Tenha uma boa leitura!

Zumbido no ouvido: condição gera incômodo em até 14% da população adulta

O zumbido no ouvido afeta aproximadamente 14% da população adulta mundial, o equivalente a cerca de 740 milhões de pessoas. 

Esse dado alarmante foi revelado por uma revisão sistemática de quase 800 artigos, publicada na prestigiada revista científica “JAMA Neurology” em agosto de 2022. 

Dentre esses indivíduos, 120 milhões consideram o zumbido não apenas uma leve perturbação, mas um problema significativo. Há relatos até mesmo de pessoas que chegaram a tentar o suicídio, tamanho o incomodo de conviver com o barulho cotidianamente.

No Brasil, a situação não é menos preocupante, com cerca de 28 milhões de pessoas afetadas pela condição, conforme indicam dados da Biblioteca Virtual do Ministério da Saúde

Principais causas do zumbido no ouvido

O zumbido no ouvido, ou tinnitus, é um sintoma complexo e multifatorial, o que significa que suas causas podem variar significativamente de pessoa para pessoa. 

Embora frequentemente associado a questões auditivas e neurológicas, a causa do zumbido também pode ser odontológica. A seguir, veja as principais origens do incômodo:

Questões auditivas

O zumbido pode estar relacionado a perda de audição. Isso é mais comum em idosos ou pessoas expostas a ruídos altos, como os trabalhadores das indústrias e da construção civil, por exemplo.

Também é possível que o indivíduo esteja com o canal auditivo obstruído. Isso ocorre quando há acúmulo de cera ou infecções na região.

Problemas neurológicos

Doenças neurodegenerativas, como a esclerose múltipla podem afetar os nervos do ouvido, causando zumbido.

Lesões na cabeça e no pescoço também podem afetar as vias auditivas e o cérebro, resultando em zumbido.

Problemas odontológicos

No que se refere às questões odontológicas, o zumbido no ouvido pode ser causado por:

  • Dentes do siso mal posicionados: dentes impactados ou mal alinhados podem exercer pressão sobre estruturas próximas, potencialmente afetando a audição;
  • Má oclusão: problemas na mordida ou alinhamento dos dentes podem alterar a tensão muscular na área da mandíbula e, por extensão, impactar o ouvido;
  • Bruxismo: o ato de ranger ou apertar os dentes, especialmente à noite, pode gerar tensão nos músculos e articulações próximas ao ouvido, levando ao zumbido;
  • Disfunção da ATM (Articulação Temporomandibular): problemas na ATM podem causar não apenas dor e desconforto na mandíbula, mas também zumbido, devido à proximidade com o ouvido.

Essas causas odontológicas, embora frequentemente esquecidas, sublinham a importância de uma abordagem multidisciplinar para o diagnóstico e tratamento do zumbido. 

zumbido no ouvido

Como acabar com o zumbido no ouvido?

Curar o zumbido no ouvido é uma jornada única e pessoal que varia significativamente de uma pessoa para outra. 

O tratamento eficaz depende fundamentalmente da identificação da causa subjacente, que pode ser multifacetada e complexa. 

Devido a essa diversidade de possíveis origens, o atendimento muitas vezes se torna multidisciplinar, envolvendo uma equipe de especialistas e uma abordagem por etapas de eliminação para determinar a intervenção mais apropriada para cada caso. Veja:

Primeiros passos: visitando o otorrinolaringologista

A busca por uma cura começa com uma avaliação detalhada do sistema auditivo e neurológico, geralmente conduzida por um otorrinolaringologista. 

Esse especialista investigará as causas potenciais do zumbido, que podem incluir desde perda auditiva, obstruções no canal auditivo, até condições mais graves como doenças neurológicas. 

Exames audiológicos, junto a avaliações neurológicas, são cruciais para descartar ou confirmar essas hipóteses.

Avaliação odontológica

Caso a investigação inicial não aponte uma causa específica, o próximo passo pode ser uma visita ao dentista. 

Problemas odontológicos como má oclusão, bruxismo, disfunção da articulação temporomandibular (ATM), ou dentes do siso mal posicionados, podem estar contribuindo para o zumbido. 

Exames de imagem, como radiografias panorâmicas, e clínicos detalhados são essenciais para identificar qualquer condição odontológica subjacente.

Tratamentos especializados

Após o diagnóstico, uma gama de tratamentos pode ser considerada, variando de acordo com a causa identificada. Os mais comuns são:

  • Acupuntura: pode oferecer alívio, especialmente se o zumbido estiver associado a tensões musculares ou disfunção da ATM;
  • Fisioterapia especializada: exercícios e técnicas específicas podem ajudar a aliviar a tensão muscular ao redor da área do ouvido e da mandíbula;
  • Massagem para liberação miofascial: pode ser benéfica para pacientes que sofrem de zumbido devido a questões musculares ou de tecido conectivo;
  • Uso de aparelho ortodôntico: em casos de má oclusão ou outros problemas dentários estruturais, o tratamento ortodôntico pode ser indicado para aliviar os sintomas.

Suporte psicológico

Paralelamente aos tratamentos físicos, a intervenção psicológica é muitas vezes uma parte crucial do plano de tratamento. 

O zumbido pode ser significativamente impactante na qualidade de vida, levando a problemas como ansiedade, depressão e insônia. 

Nesse sentido, o acompanhamento com um psicólogo ou psiquiatra pode ser altamente recomendável. 

Terapias cognitivas-comportamentais e tratamentos medicamentosos podem ser utilizados para aliviar o desconforto e melhorar a percepção do zumbido.

Estratégias complementares

Enquanto se persegue a cura, estratégias complementares podem ser empregadas para minimizar o impacto do zumbido no dia a dia. Algumas delas são:

  • Enriquecimento sonoro: utilizar sons de fundo ou ruído branco para mascarar o zumbido e torná-lo menos perceptível. No Spotify e no YouTube você encontra playlists com esses barulhos;
  • Mudanças no estilo de vida: redução de estressores, prática regular de exercícios físicos e uma dieta balanceada podem ajudar a diminuir a severidade do zumbido;
  • Educação e apoio: entender o zumbido e participar de grupos de apoio pode ajudar a reduzir a ansiedade e o estresse relacionados ao sintoma.

Em suma, enquanto a busca por uma “cura” para o zumbido pode ser complexa e exigir uma abordagem multidisciplinar, há muitas opções de tratamento disponíveis. 

Além disso, cabe lembrar que, na maioria dos casos, o zumbido no ouvido não é um sintoma de uma doença grave. Então, o ideal é manter a calma, evitar o estresse e seguir o caminho que traçamos, consultando os profissionais certos para resolver ou pelo menos amenizar o seu problema.

Fique por aqui e leia agora o nosso artigo que fala sobre a relação entre a saúde bucal e as doenças do coração

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