Os anestésicos locais são essenciais para a prática odontológica, especialmente na Odontopediatria, onde o controle da dor é imprescindível na experiência do paciente e no sucesso do tratamento.
Dentro desse contexto, os dentistas que trabalham com crianças e adolescentes precisam estar atentos ao cálculo preciso das doses de anestésicos locais.
Adosagem incorreta pode resultar em complicações, como toxicidade sistêmica ou falha no controle da dor.
A seguir, falaremos sobre as principais fórmulas e recomendações para garantir que a anestesia local seja administrada de forma eficaz e segura em pacientes pediátricos.
A Importância do cálculo correto da dose em Odontopediatria
Ao tratar pacientes pediátricos, o cálculo da dose do anestésico local deve considerar o peso da criança ou adolescente.
Ao contrário dos adultos, que geralmente têm uma dose padrão, as crianças necessitam de uma dosagem ajustada.
A administração de uma dose incorreta pode causar desde uma anestesia insuficiente até uma superdosagem, resultando em efeitos colaterais graves, como convulsões ou depressão respiratória.
Segundo um estudo da Universidade da Região de Joinville (UNIVILLE) um dos métodos mais utilizados para calcular a dose em crianças é a Fórmula de Clark, que leva em conta o peso do paciente para definir a quantidade segura de anestésico.
A Fórmula de Clark para o cálculo de anestésicos locais
A Fórmula de Clark é uma referência prática para dentistas e outros profissionais de saúde ao administrar anestésicos locais em crianças.
O cálculo é feito da seguinte forma:
Dose da criança (em mg) = (peso da criança em kg) x (dose do adulto) ÷ 70
Por exemplo, se a dose máxima para um adulto de lidocaína 2% for 8,3 tubetes, e a criança pesar 20 kg, a fórmula seria:
20 kg x 8,3 ÷ 70 = 2,33 tubetes
Esse cálculo simples garante que a dose administrada seja segura para o paciente pediátrico, evitando o risco de overdose.
Dosagens máximas de anestésicos locais em crianças
O estudo também traz informações sobre as dosagens máximas para os principais anestésicos locais utilizados na Odontopediatria.
A seguir, estão algumas diretrizes baseadas no peso da criança:
- Lidocaína 2%: 36 mg por tubete – Dose máxima: 4,4 mg/kg, com um limite de 300 mg;
- Prilocaína 3%: 54 mg por tubete – Dose máxima: 6,0 mg/kg, com um limite de 400 mg;
- Mepivacaína 2%: 36 mg por tubete – Dose máxima: 4,4 mg/kg, com um limite de 300 mg.
Esses valores ajudam o dentista a calcular a quantidade exata de anestésico a ser aplicada, sempre levando em consideração o peso do paciente.
Aspectos psicológicos da anestesia em crianças
Além do cálculo preciso da dose, outro aspecto importante é a importância do preparo psicológico da criança. Ou seja, o sucesso da anestesia local em Odontopediatria vai além da técnica e dos cálculos.
É essencial que o dentista prepare psicologicamente o paciente antes da aplicação do anestésico. Deve-se explicar os procedimentos de forma clara e acessível, sem usar palavras que possam gerar medo ou desconforto.
Frases como “não vai doer nada” ou “é só uma picadinha” devem ser evitadas, pois podem despertar ansiedade ou desconfiança na criança.
O dentista pode usar expressões como “se sentir algo, levanta a mão que eu paro”, criando um código de confiança e promovendo uma experiência mais tranquila para o paciente.
Técnicas de aplicação de anestesia local em crianças
As técnicas de anestesia local em crianças seguem os mesmos princípios aplicados em adultos, com algumas adaptações para as características anatômicas e comportamentais dos pacientes pediátricos.
Entre as técnicas mais comuns estão:
Anestesia tópica
Sempre indicada antes da aplicação de anestesia local. A anestesia tópica deve ser aplicada em forma de pomada ou gel na mucosa, após a secagem do local para evitar a diluição do anestésico pela saliva. O tempo de ação é de cerca de 2 a 3 minutos.
Anestesia infiltrativa
Consiste na deposição do anestésico próximo ao ápice do dente a ser anestesiado, sendo recomendada para todos os dentes superiores e dentes anteriores inferiores.
Em alguns casos, pode ser usada para anestesiar molares inferiores antes da erupção do primeiro molar permanente.
Anestesia intrapapilar
Utilizada na papila interdentária após testar a sensibilidade, essa técnica é importante para gerar isquemia e garantir uma anestesia eficaz na região a ser tratada.
Complicações comuns e como evitá-las
Há ainda algumas complicações mais comuns associadas aos anestésicos locais em crianças, como mordidas de lábio, fratura de agulha e hematomas.
Conheça-os e saiba como evitá-los:
Mordida de lábio
As crianças podem morder o lábio anestesiado devido à sensação de dormência, resultando em ferimentos.
Para evitar essa complicação, o dentista deve explicar ao paciente e aos pais os efeitos temporários da anestesia e como agir.
Fratura de agulha
Para evitar a fratura da agulha, é importante estabilizar a cabeça da criança e não inserir a agulha em toda a sua extensão.
Hematomas
Resultantes da ruptura de vasos durante a aplicação, os hematomas desaparecem geralmente sem maiores complicações.
Porém, o dentista deve monitorar a criança para garantir que o paciente esteja confortável após o procedimento.
Calcular corretamente a dose de anestésicos locais para crianças e adolescentes é uma prática essencial para garantir o sucesso do tratamento odontológico. Siga as orientações indicadas e promova uma ótima experiência aos seus pacientes.
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